Wednesday, November 12, 2014

7.


Este post sobre redes sociais é um apanhado de todas as experiências de ensino e aprendizagem que tive até hoje através de  diferentes redes sociais. Todos os exemplos citados aqui são sobre redes usadas com a finalidade clara de complementar os estudos e promover a aprendizagem fora do contexto de sala de aula. A seguir, uma breve descrição sobre estes projetos:

Fotolog

Desenvolvi este projeto com duas turmas de alunos adolescentes, uma de nível intermediário e outra de nível avançado. A ideia foi inserir nas nossas práticas pedagógicas o Fotolog, uma rede social de compartilhamento de fotografias bastante popular entre os jovens da época (2004). Basicamente eu (professor) postava fotos e uma atividade. Os alunos acessavam a página e realizavam as tarefas, que em sua maioria eram escrever frases utilizando estruturas gramaticais e vocabulários aprendidos recentemente.

Fotolog Class 454
Fotolog Class 256

Blog

Em 2011, como parte de um projeto de um curso a distância que participei, criei um blog para uma turma de adultos de nível básico. Utilizamos o blog para desenvolver a habilidade escrita, com foco na construção de um parágrafo dissertativo de boa qualidade.
Como nenhum dos alunos tinha uma conta no site Blogger, todos os comentários saíram como autor "anônimo". Em alguns casos, os alunos lembraram de escrever o nome no final da mensagem. O projeto funcionou porque foi uma atividade de curta duração (poucas semanas). Nenhum dos alunos tinha familiaridade com o uso de blogs e o acesso era sempre feito no laboratório de informática da escola no período de aula (raramente algum aluno acessava o blog fora do período de aula).

 Blog Perfect Paragraph

Grupo no Facebook

No segundo semestre de 2012, eu e uma turma de nível avançado de alunos adolescentes resolvemos criar um grupo no Facebook. Como todos já faziam parte da rede social, todos concordaram em aderir ao projeto. A ideia foi usar o espaço virtual para estarmos sempre em contato, divulgar informações importantes, deixar os alunos que faltaram informados sobre tarefas, e praticar a gramática e vocabulários ensinados de forma significativa. Nos exemplos abaixo, os alunos deveriam tirar uma foto e escrever uma frase usando palavras aprendidas na lição:





Após o término do semestre, a turma decidiu manter o grupo aberto para que ninguém pudesse perder o contato e fosse um canal para praticarmos o inglês. Aqui, um exemplo de ex-aluno que entrou no grupo para pedir uma informação sobre um exame aplicado para a turma na época que ainda estudavam comigo:




Outro projeto envolvendo o Facebook foi feito em parceria com 8 professores de 2 Centros Binacionais, um em Brasília (Casa Thomas Jefferson) e outro no Rio de Janeiro (IBEU). AS turmas envolvidas eram todas de nível avançado e o projeto era elaborar um material em conjunto sobre as semelhanças e diferenças entre as duas cidades. Ao longo do semestre os alunos publicaram fotos e vídeos e todo o material foi compilado para fazer um vídeo. Um dos idealizadores do projeto pediu para o vídeo não ser compartilhado e ser mantido somente para uso pessoal entre os envolvidos:



 Instagram

Quando comecei a incorporar atividades de m-learning, logo surgiu a oportunidade de experimentar algumas atividades com a rede social Instagram, bastante popular entre os adolescentes. Testei com duas turmas de adolescentes de nível pré-intermediário e desenvolvemos algumas atividades envolvendo imagens (no caso, fotografias) e o conteúdo que estava sendo ensinado no momento. Foram criadas algumas hasthtags exclusivas para as nossas atividades, assim todos teriam a oportunidade de ver a produção dos colegas e interagir na língua-alvo através de comentários. Disponibilizarei aqui algumas das atividades desenvolvidas:
Em alguns casos, os alunos tinham que postar uma foto e escrever uma oração utilizando as estruturas gramaticais que estavam sendo ensinadas.


Em outras ocasiões, alunos tinham de postar uma imagem com o começo de uma oração e colegas teriam de inventar a segunda parte, sempre utilizando uma estrutura gramatical que estava sendo ensinada no momento:




Hashtags exclusivas foram criadas:



Como esperado, houve momentos de interação e comunicação significativa entre professor- alunos e aluno-aluno:


Somente após montar este e-portfólio é que tive a real dimensão da variedade de experiências didático-pedagógicas que promovi utilizando redes sociais com meus alunos. Em muitos casos, tive de fazer uma busca refinada para encontrar tais registros, uma vez que muitos existiam há quase uma década e haviam caído em esquecimento. Nas minhas primeiras tentativas, a exemplo do Fotolog, eu não tinha uma noção clara de objetivos pedagógicos a seguir, mas me recordo que eu tinha uma grande vontade de incluir nas minhas aulas atividades que envolvessem novas tecnologia e recursos amplamente populares entre os adolescentes da época. Na maioria das vezes, a receptividade e adesão sempre foram grandes. Além disso, eu sempre vejo ali, nas redes sociais,  uma maneira de alunos mais quietos se expressarem de outra forma que não a verbal. Muitas interações espontâneas sempre são verificadas e os alunos sempre comentaram achar interessante e estimulante usar na sala de aula algo que faz parte do dia-a-dia deles. 

De acordo com o Dossiê Super Interessante- Essencial Tech, de julho de 2014, os brasileiros passam uma média de 775 minutos por mês navegando em redes sociais, enquanto a média mundial é de 346 minutos. O número de brasileiros que utilizam redes sociais chega a 65,9 milhões e no Youtube e Twitter, por exemplo, só perdemos em quantidade para os Estados Unidos. Percebe-se, portanto, que nossa adesão maciça aos ambientes sociais na internet pode ser aproveitada de maneira positiva pela escola. Há um potencial enorme de colaboração, ensino e aprendizagem nestes espaços.


Segundo Mattar (2013), incorporar ferramentas da Web 2.0, redes sociais, e ambientes pessoais e sociais de aprendizagem ainda são um grande desafio para os educadores, afinal existem aí muitas questões delicadas como privacidade, ética, segurança e questões técnicas. Mattar complementa que a maioria das instituições não desenvolvem políticas formais para lidar com tais assuntos e há pouco treinamento para professores aprenderem a usar novas tecnologias. Talvez um dos maiores paradigmas a serem mudados, impulsionado pela proliferação das redes sociais e sua inevitável inserção no cenário educacional, é acerca do papel de cada um dos envolvidos no processo pedagógico. "Esta realidade implica uma alteração cultural, pois obriga a repensar os papéis dos professores e dos estudantes, e a relação existente entre eles, para além das implicações a nível de planificação de cursos e currículos, sistemas de avaliação, formas de ensinar e aprender, metas a atingir. Na verdade, o papel do professor está em mudança e aproxima-se, com o apoio digital, ainda mais,  dum e-moderador, ou seja, de um orientador de aprendizagens"(Moreira et al., 2014).


Referências deste post:

  • Dossiê Super Interessante- Essencial Tech.  Ed. de julho de 2014. São Paulo: Editora Abril.
  • MATTAR, J. Web 2.0 e redes sociais na educação. São Paulo: Artesanato Educacional, 2013. 
  • MOREIRA, J. , JANUÁRIO, S. , MONTEIRO, A. Educar na (sociedade em) rede social. In MOREIRA, J. , BARROS, D. , MONTEIRO, A. , (Orgs) (2014). Educação a Distância e eLearning na Web Social. São Paulo: Artesanato Educacional. 





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